As mudanças climáticas e a responsabilidade de cada um

O aumento de quase um grau Celsius na temperatura média do planeta, cientificamente comprovado, é suficiente para que se observe uma maior frequência e intensidade de fenômenos climáticos

extremos, como secas, enxurradas, furacões e tornados.

A expectativa mundial é frear esse aquecimento em dois graus Celsius neste século, com as propostas apresentadas por 168 países que compareceram à 21a Conferência do Clima, da Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro, em Paris (França).

Para que essa redução ocorra, calcula-se, todas as emissões de CO2 do mundo terão de ser contidas em um trilhão de toneladas/ano. Isso significa cortar entre 60% e 70% as emissões totais até 2060. Essa é a necessidade que temos para diminuir os efeitos dramáticos das mudanças climáticas, que já vêm afetando uma parte considerável da população mundial, especialmente aquela que detém menos recursos para minimizar esses efeitos.

Para enfrentar tão gigantesco desafio, todos os países que comparecem à COP 21 apresentam metas. Até 2025, o Brasil planeja reduzir em 37% suas emissões de gases de efeito estufa; e, até 2030, em 43%.

É evidente que o sucesso nessa empreitada mundial não depende apenas do compromisso que os governos assumiram em Paris. É preciso efetividade por parte dos governos, da sociedade civil e das empresas. É fundamental que a reponsabilidade seja compartilhada entre todos. Há os que têm mais responsabilidade, outros menos.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), cuja discussão iniciou na Rio+20 e se encerrou como fase de elaboração em agosto de 2015, constituem nosso Plano A, um importante ponto de partida, e uma referência para a adoção de novos valores, comportamentos e atitudes, novos padrões de produção e consumo que nos permitam superar o desafio que as mudanças climáticas nos impõem.

Em 29 municípios do Oeste do Paraná, a Itaipu Binacional colocou em prática o Programa Cultivando Água Boa, uma iniciativa que visa à sustentabilidade de todo um território, com diversas ações alinhadas com os ODS. Trata-se de uma iniciativa que reconhece que todos têm um papel a cumprir e, assim, formou-se uma rede que hoje já soma mais de 2 mil parceiros, desde ONGs e lideranças comunitárias a órgãos das três esferas de governo, passando por organizações representativas do setor privado.

No lugar de ser uma mera repassadora de recursos, a Itaipu se coloca como articuladora dessa rede de parcerias e, para cada real que coloca na iniciativa, esse montante é multiplicado por no mínimo três, graças ao somatório de forças de todos aqueles que estão interessados em contribuir para a adoção de um novo jeito de ser, viver, produzir e consumir.

Esse modo de fazer se traduz em uma nova governança, uma nova tecnologia social, que demonstra que é impossível promover a mudança sem ampla participação. É preciso ter a percepção da situação planetária desafiadora que temos diante de nós e que todos têm um papel a desempenhar na construção de novos padrões de produção e consumo que, do ponto de vista ambiental, respeitem a capacidade de suporte dos ecossistemas e, do ponto de vista social, respeitem e promovam os direitos humanos, a igualdade e a equidade entre as pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nelton Miguel Friedrich

Diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional e coordenador geral do programa Cultivando Água Boa