Rio Tietê Genuinamente Paulista
O RIO TIETÊ SEMPRE VAI REFLETIR O ESTADO DE SÃO PAULO.
Geograficamente, indo de leste a oeste, divide o estado feito um personagem lendário desde os tempos do descobrimento, seja lembrando as bandeiras, o café ou as monções.
Economicamente, gera riquezas, seja por ser uma grande fonte de energia limpa ou pela proximidade com a industrialização lindeira, trazendo ainda consigo vários locais que proporcionam lazer de interior.
Em seus aproximados 1.100 quilômetros, traz consigo a sustentabilidade, equacionando ciclos biológicos da flora e fauna desde a Serra do Mar até o rio Paraná na divisa com o Estado do Mato Grosso do Sul.
Tem junto de si, dezenas de cidades, regiões com alto potencial de crescimento e uma das maiores metrópoles do mundo atual, São Paulo.
Já não é apenas um curso d’água. É uma referência hídrica única, uma bacia hidrográfica pulsante dentro do território paulista.
Um pouco de história
O rio Tietê nasceu Anhembi, nome de origem indígena. Em seu livro “Caminhos e Fronteiras”, Sergio Buarque de Holanda nos confirma que “Anhembi quer dizer rio das Anhumas ou das Anhimas”, aves que desde o início do povoamento eram procuradas por caboclos, que buscavam nelas o remédio ou preservativo para toda a sorte contra os males.
Mas tem mais: para o engenheiro e historiador Teodoro Sampaio, Anhembi significava perdiz, ave que existia em grande quantidade nos campos de Piratininga; para o historiador Afonso Antonio de Freitas, significaria rio de veado.
Na cartografia, o nome Tietê foi pela primeira vez registrado no ano de 1748, no Mapa D’Anville, referindo-se ao trecho entre a nascente do rio e o salto de Itu.
Tietê, rio das anhumas, dos perdizes, dos veados, dos tetés, do tiés, de nomes muitos como Agembi, Aiembi, Anemby, Aniembi, Anhambi, Anhebu. Qualquer que seja a origem do nome, todos sempre remeteram a fauna abundante que habitava em suas margens. Rio que por vontade própria escolheu o caminho inverso ao de seus companheiros, que é o de seguir para o mar.
E assim, com tantos nomes, o rio Tietê, que em tupi-guarani significa “água verdadeira”, desde cedo, assumiu sua importância na história de nossas águas. Muitas foram as expedições e bandeiras que o utilizavam como meio de transporte, como forma de enveredar pelo sertão paulista em busca de ouro, índios e para fundar povoados.
Rio Tietê – Crédito: Prefeitura Municipal de Barra Bonita-SP
Um rio de tantos lugares
O rio Tietê nasce à 22 quilômetros do oceano Atlântico, numa altitude de 840 metros, e só vai encontrar o mar após percurso de aproximadamente 3.500 quilômetros, sendo que neste caminho, engrossa o rio Paraná do município de Itapura, divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul e dali juntos, chegam ao rio da Prata, que os levará ao mar.
No seu caminho paulista, passa por 62 municípios e seis sub-bacias hidrográficas, alardeando progresso e lazer, determinando os vetores de crescimento e trazendo oportunidades.
A região de sua nascente é conhecida como Pedra Rajada, na Serra do Mar, no município de Salesópolis, onde começa como um pequeno olho d’água. Após alguns quilômetros, vários afluentes desenham seu caminho, seja por encostas abruptas, por corredeiras e cachoeiras ou simplesmente na serenidade e tranquilidade de suas águas.
Martim Afonso de Souza, primeiro donatário da Capitania de São Vicente e governador da Índia portuguesa, apontou o rio Tietê como “um rio grande que enveredava pelo continente”, destacando seu papel como um rio primordial na interiorização de São Paulo e do Brasil.
Foram os bandeirantes, juntamente com os jesuítas, que navegavam pelo rio para chegar aos povoados que se formavam em suas margens, que desbravaram as terras e fundaram vários povoados, ampliando assim os limites do Tratado de Tordesilhas, e pouco a pouco dando o formato do território que conhecemos hoje
Muito do desenvolvimento aconteceu quando o meio para escoar a produção de café ou de outros produtos comercializados à época, era o barco a vapor, efetivamente iniciado em 1873, quando a Companhia Fluvial Paulista iniciou o tráfego entre a cidade de Tietê e Salto do Avanhandava, além de navegar pelo rio Piracicaba até o rio Tietê.
Este fato se fortaleceu na junção do transporte fluvial acoplado ao transporte ferroviário em 1886 visando a melhoria no escoamento dos produtos.
Neste cenário de tantos lugares, o rio Tietê, à época, sempre proporcionou aos paulistanos, momentos de lazer intenso. No início do século XX, o Tietê foi palco de prática de esportes aquáticos, como natação e remo. Muitos clubes surgiram a época em suas margens: Clube de Regatas Tietê, Espéria, Corinthians, Portuguesa e Associação Atlética São Paulo. Uma das principais práticas esportivas era a Travessia a Nado de São Paulo, organizada pelo Jornal
A Gazeta Esportiva, prova esta ocorrida entre 1924 e 1944 num percurso de aproximados 5,5 quilômetros, saindo da Ponte da Vila Maria até o Clube Espéria, junto a hoje Ponte das Bandeiras.
O vencedor mais ilustre foi João Havelange (expresidente da FIFA), campeão nos anos de 1935, 1936 e 1943.
Hoje, em seu caminho, junto de suas represas para produção de energia elétrica, nosso interior vislumbra dezenas de locais de praias interioranas, aquelas longe do mar, mas que deliciam milhares de paulistas durante o verão, como Sales, Araçatuba, Mendonça, Sabino e outras.
Um rio de tantas paisagens
Dentro da hidrografia, podemos dividir o rio Tietê em três trechos ao longo de sua extensão:
Alto Tietê, que vai desde sua nascente no município de Salesópolis até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, passando pela região metropolitana da capital São Paulo, com 250 quilômetros de extensão e um queda de 350 metros.
Médio Tietê, que vai de Pirapora do Bom Jesus até o município de Barra Bonita, já com aproveitamento para produção de energia e com seu principal afluente, o rio Piracicaba, delineando uma das regiões com maior PIB do país e com acelerado crescimento demográfico.
Baixo Tietê, últimos 300 km do rio, de Barra Bonita até sua foz no rio Paraná, município de Itapura, sendo principal trecho da hidrovia Tietê-Paraná, essencial para o escoamento da produção agroindustrial do Estado.
Nestes três trechos, são inúmeras e diferentes suas paisagens que podem ser retratadas na navegação, turismo, produção de energia, plantações agrícolas, abastecimento de cidades ou simplesmente no ambiente fértil de grandes matas.
Um rio que traz vida a tantas cidades
No interior paulista, o rio Tietê, em muitos municípios é sinônimo de lazer. Em geral, nos espaços lindeiros aos grandes reservatórios que possui ao logo de sua extensão no interior do Estado, o rio Tietê se torna prática de esportes e
ponto de encontro para lazer e turismo.
Podemos citar neste caminho das águas do rio Tietê, os municípios de Adolfo, Araçatuba, Arealva, Bariri, Barra Bonita, Bocaina, Borborema, Dois Córregos, Iacanga, Ibitinga, Igaraçu do Tietê, Itapuí, Jaú, Mendonça, Mineiros do Tietê, Sabino, entre outros.
Todos estes municípios têm em comum o típico turismo de praia do interior, onde existem espaços criados e implementados para receber milhares de pessoas nos fins de semana, com condomínios e praças de esportes, com comércio e hotelaria disponível para criar ambientes favoráveis de conforto e lazer e transformar vários pontos no interior do Estado em lugar turístico.
Um rio e sua energia
O rio Tietê é um dos principais mananciais para a geração de energia hidroelétrica na bacia do rio Paraná, com a geração de energia sendo produzida pela força das águas que movimentam turbinas.
Na hidrovia Tietê-Paraná, no espaço paulista, temos as Usinas de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, Nova Avanhandava e Três Irmãos, que colaboram para os 65% da produção paulista de energia. A mais nova no rio Tietê é a Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava no município de Buritama que entrou em operação no ano de 1982 e conta com três turbinas que geram perto de 350 megawatts de energia a partir de um desnível de 29,7 metros.